INVEJA, EU?!?
*Meiry
Kamia
Quem
nunca fez ou foi vítima de fofoca no trabalho que atire a
primeira pedra! Pois saiba que a fofoca é uma das máscaras
da inveja.
Convivemos
há tantos anos com a inveja que não conseguimos
detectá-la e chegamos a nos iludir de que não sofremos
desse mal. Entretanto, a inveja nos acompanha desde o nascimento, mas
começa a tomar uma proporção maior na idade
escolar.
Segundo
o dicionário Aurélio, inveja é o “desgosto ou
pesar pelo bem ou felicidade de outrem. Desejo violento de possuir o
bem alheio”. Portanto, a inveja só pode ocorrer na
comparação do eu com o outro.
É
por isso que o ambiente competitivo é favorável ao
desenvolvimento da inveja. Na escola, além de ler e escrever
aprendemos a competir pela melhor nota, pelo melhor desempenho e,
mais tarde, no ambiente de trabalho, pelo melhor salário,
melhor carro, melhor casa, etc. O mundo competitivo alimenta a inveja
e nem sempre prepara o homem para a vida.
A
inveja traz sentimentos negativos de inferioridade e baixa
autoestima. Ao nos compararmos o tempo todo com o que está
fora, perdemos a referência das características
positivas que temos.

Outro
exemplo de mecanismo é a pessoa que inveja a calma e a
inteligência de outrem. Ela ataca o outro até que o
“tira do sério”. Desta forma, ela consegue tirar a calma
do outro e faz com que o outro tenha comportamento nada inteligente.
A
inveja também pode afetar os comportamentos sociais, como a
afirmação “eu não vou à festa porque só
tem gente metida lá, e eu odeio gente metida!”. O que está
por detrás da aversão à festa é o medo de
ser desmascarado. Então, justifica o medo da exposição
desvalorizando o evento social e as pessoas que lá estão.
A
inveja possui diversas máscaras. Veja alguns exemplos de como
a inveja se manifesta no ambiente de trabalho:
- Máscara da FOFOCA: o fofoqueiro, ao invés de se esforçar para crescer e progredir, prefere denegrir os outros para compensar a sua índole e ociosidade.
- Máscara da LAMENTAÇÃO: percebe-se como “o azarado”, sente que nunca é reconhecido pelo trabalho. Uma fala muito comum do lamentador é a comparação, “Você viu o Pedrinho, como tem regalias aqui? Ele entrou aqui há poucos meses e já é coordenador! E eu? Que estou aqui há mais de cinco anos não consegui nada até agora.”
- Máscara da HIPOCRISIA: apresenta-se sorridente e afetuoso, com palavras amáveis, entretanto, desencoraja o crescimento alheio. Exemplo, “se eu fosse você, eu não correria o risco de falar com o chefe sobre esse assunto. Eu mesmo já vi vários casos de pessoas que, quando foram falar sobre promoção, foram logo demitidas”.
- Máscara da PIEDADE: mostra-se manso e humilde, entretanto, menospreza o esforço alheio. “É, o coitado é novato mesmo, chega cheio de gás, cheio de vontade, mas a hora que ele perceber como as coisas funcionam aqui, quero ver para onde é que a alegria dele vai”.
- Máscara da MELANCOLIA: muito parecida com a máscara da lamentação, a diferença é que a melancolia cai mais para a baixa autoestima enquanto que a lamentação coloca a culpa na situação ou em outras pessoas. “Eu me sinto tão burra, sabe? Ele não, ele é tão extrovertido, tão simpático, tão animado, e eu… eu sou tão murcha…”
- Máscara do COMPETITIVO: perceptível não apenas por meio das palavras, mas também por meio de comportamentos consumistas. A máxima – “Tem gente que gasta o que não tem, para comprar o que não precisa e mostrar para quem não gosta” – fala por si só!
- Máscara do SENSATO: denigre a imagem alheia mostrando o quanto o outro é insensato. Ex.: “Se eu tivesse metade do que ele tem, eu estaria feliz!”.
Como
lidar com a própria inveja?
A
única forma de combater a inveja é freando os impulsos
comparativos, olhar para si mesmo e aceitar-se (gostar de si mesmo)
como realmente é.
Quando
deixamos de nos comparar aos outros e passamos a nos observar, a
autoestima tende a aumentar porque nos permitimos observar o quanto
estamos melhorando em diversos aspectos.
O
que fazer quando a inveja impera na equipe?
- Tente retirar o mecanismo comparador do foco principal da pessoa em questão, trazendo para discussão o comportamento da própria pessoa. Mostre que a comparação não agrega em nada, não ajuda nem a equipe crescer e nem ela mesma.
- Dê-lhe feedbacks. O invejoso é inseguro de si mesmo porque não se conhece. Olha tanto para o outro que perde a referência de si mesmo. Mostre a ele os pontos positivos e os pontos que ainda precisa melhorar.
- Ajude-o a criar um ideal de vida. O melhor remédio contra a inveja é conhecer o sentido da própria existência e sentir prazer em coisas simples. Incentive-o a ir ao cinema, ao teatro, a ler livros inspiradores, poesias, romances, etc.
MEIRY
KAMIA –
Palestrante, Psicóloga, Mestre em Administração
de Empresas e Consultora Organizacional.
Site: http://www.meirykamia.com;
contato: contato@meirykamia.com